JavaScript não suportado

 

Reitores de Pernambuco cobram recomposição orçamentária das universidades federais

Na manhã desta terça-feira (15), representantes das Universidades Federais de Pernambuco realizaram uma coletiva de imprensa para se pronunciarem sobre os cortes no orçamento da educação no estado por parte do orçamento aprovado na Lei Orçamentária Anual de 2025. O encontro aconteceu no auditório João Alfredo, no prédio da reitoria da Universidade Federal de Pernambuco. Compareceram à reunião o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes; a reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Professora Maria José de Sena; o reitor da Universidade Federal Vale do São Francisco (Univasf), Télio Nobre Leite e Airon Melo, da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco. O evento também contou com a participação de representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e representantes do Sintufepe e da Adufepe.

Professora Maria José de Sena destacou que os cortes afetam não apenas o funcionamento das universidades, mas principalmente a qualidade da formação dos estudantes de graduação. “Nós não estamos reclamando ou pedindo para termos luxo ou regalias. Estamos trabalhando todos os dias para poder pagar contas de custeio básicas e garantir aos nossos estudantes uma formação de qualidade e completa, como sempre fizemos. Nossa realidade hoje é de pagar um contrato e outro atrasar.”

“Produzimos 95% da pesquisa no Brasil, formamos com qualidade em todas as áreas do conhecimento e colocamos o país numa posição muito estratégica. Estamos fazendo um trabalho consistente e somos comprometidos com a democratização do acesso à educação, uma população estudantil diversificada e precisamos de Políticas Públicas que fortaleçam essas pautas para este projeto de país.”, afirmou também a gestora da UFRPE.

Pelo orçamento aprovado em 2025, a UFRPE conta com apenas 69% do orçamento necessário para seu funcionamento até o final do ano. A situação é agravada pela forma de liberação de recursos que passou de 1/12 para 1/18. Na prática, isso significa que o repasse que a universidade recebe é ainda menor. Ao invés de receber 32,6 milhões, a Instituição recebeu 20,72 entre janeiro e maio de 2025. O orçamento aprovado não permitirá à UFRPE cumprir suas obrigações mensais, na casa de R$9 milhões, tendo em vista que terá à disposição cerca de R$4 milhões.

O corte atinge ainda o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), principal ferramenta para garantir a permanência dos estudantes no ensino superior. Atualmente, a UFRPE conta com 85% de estudantes com algum tipo de vulnerabilidade social, ou seja, potencial beneficiário do PNAES. Contudo, com os cortes, menos estudantes poderão ter acesso aos benefícios.

Segundo Alfredo Gomes, é fundamental a recomposição orçamentária de 2 bilhões de reais para que as universidades saiam da atual situação de subfinanciamento que hoje se encontram. A UFPE teve um corte de R$8 milhões entre 2024 e 2025 e conta com uma disponibilidade de 10 milhões mensais para cobrir despesas que ultrapassam 13 milhões.

Airon Melo reiterou que não existem critérios objetivos para a construção do orçamento das universidades. “Nós não temos um modelo para financiar nossas instituições. E, eu digo isso tranquilamente, que o orçamento é essencialmente uma negociação política e não deveria ser. Porque as nossas instituições são públicas e não devem ficar sujeitas a negociações a cada ano junto aos atores políticos nacionais. Há sempre uma disputa em face a uma instituição, que vai continuar existindo daqui a 30, 40 anos. Por isso a precarização e essa situação que temos assistido nessa conjuntura”

Na mesma linha, Télio Nobre Leite demonstrou sua preocupação com uma possível disputa entre as universidades por orçamento. “Corremos o risco de termos uma corrida das instituições de ensino superior por orçamento, tentando se salvar, o que, além de enfraquecer todos, trará ao sistema não o mérito acadêmico, científico ou de qualidade, mas apenas o da força política”.

Professora Maria José de Sena ainda reiterou que tem sido um desafio fazer gestão da universidade com esta realidade. “Para manter a UFRPE funcionando, eu não posso deixar de pagar o contrato do vigilante, por exemplo, eu tenho que fazer uma projeção até o fim do ano, assim como com todos os outros contratos. Já terminamos 2024 com uma insuficiência orçamentária da ordem de R$7,7 milhões. Ao invés de estarmos pensando e planejamento estrategicamente, estamos buscando sobreviver”, finalizou.