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Artigo: A universidade que sonhamos

Como é a universidade que sonhamos? Essa questão foi formulada no início do semestre (2015.1) durante uma aula de Prática de Ecologia ofertada aos estudantes do oitavo período do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UFRPE. A indagação pela professora Carmen Farias fez parte da primeira etapa de uma metodologia intitulada “Oficina de Futuro”, voltada à construção de projetos coletivos de sustentabilidade socioambiental no ambiente escolar.

A nossa Oficina pretendeu focalizar a universidade, visto ser o ambiente comum que compartilhamos. Analisar com atenção nosso ambiente comum e compreender as causas e consequências dos problemas vividos constituem importantes habilidades do educador ambiental. Foram realizadas três etapas: a Árvore dos Sonhos, em que cada estudante expressou seus sonhos referentes à universidade; as Pedras no Caminho, quando fizemos uma reflexão sobre as dificuldades para se alcançar os sonhos; e o Plano de Ação, que resultou na escrita coletiva do presente texto, como forma a contribuir com as reflexões sobre o lugar da sustentabilidade na UFRPE.

Na universidade que sonhamos a estrutura física e o ensino seriam diferentes da realidade atual. As salas de aula seriam arquitetonicamente planejadas para melhor comodidade de alunos e professores, prevendo o conforto térmico e acústico. Os laboratórios de ensino estariam mais bem equipados para a realização de aulas práticas. As aulas extraclasses ocorreriam com mais frequência e, se possível, interdisciplinarmente, visto que várias disciplinas podem se valer do ambiente fora da sala de aula. Contudo, para isso acontecer, precisamos antes superar as dificuldades de planejamento conjunto e de transporte para as aulas de campo. Hoje, podemos contar apenas com o empenho de certos docentes e funcionários, muitas vezes improvisando as condições necessárias para as aulas práticas e extraclasses.

Também sonhamos com espaços confortáveis para descanso, que garantam ao aluno um melhor aproveitamento e qualidade de vida durante o dia. Hoje nos deparamos com uma realidade bem diferente. Muitos alunos permanecem dois ou três turnos na universidade e buscam nos bancos do campus ou na biblioteca um espaço para relaxar, recarregar suas forças ou acessar seus equipamentos como celulares, notebooks e tabletes. No entanto, esses não são espaços planejados e adequados para fim de descanso ou de convivência. Ademais, faltam-nos também espaços mais adequados de alimentação, inclusive do ponto de vista sanitário, e disponíveis para outros horários, além das horas de almoço e de jantar já cobertas pelo Restaurante Universitário.

A proteção das áreas verdes também está nos nossos sonhos. Já que estamos em um campus privilegiado em termos de biodiversidade, cabe-nos protegê-la com firme decisão. Também gostaríamos de ter mais espaços verdes pensados para a comunidade acadêmica se reunir ao ar livre, tocar e escutar violão, conversar, ler livros, e que permitisse um maior contato com a natureza. Nosso sonho inclui mais conforto e qualidade de vida para todos que vivem o campus universitário, a comunidade acadêmica e também a do entorno, que poderia desfrutá-lo através de projetos sociais inovadores.

Em nossa opinião, os estudantes são bastante prejudicados pelo uso insuficiente das tecnologias de informação e comunicação na universidade e também por procedimentos demasiadamente burocráticos. Um exemplo disto são os problemas de funcionamento do Sig@ durante o período de matrícula e de modificação da mesma, levando repetidas vezes os alunos às coordenações dos seus respectivos cursos. É preciso, então, que a universidade se utilize mais das tecnologias disponíveis e melhore os trâmites de processos, para evitar as disfunções burocráticas.

Outra questão relacionada aos trâmites burocráticos é a dispensa das disciplinas. Às vezes o aluno já está cursando determinada disciplina, na metade do período, quando chega a sua dispensa. E quanto aos processos em geral, pode-se dizer que há excesso de papel para atender questões que poderiam ser resolvidas via e-mail ou por um sistema web projetado para isso.

Um ponto também fundamental são os programas de bolsas de apoio à formação profissional. O público que frequenta a universidade é diversificado e busca oportunidades diferenciadas durante sua graduação, por isso os programas de bolsas são de extrema ajuda, bem como o apoio do corpo docente para acolhê-lo de braços abertos quando o graduando vai à procura de estágio.

Compreendemos, no entanto, que para esses sonhos serem realizados é necessário enfrentar as dificuldades decorrentes da falta de diálogo, dos preconceitos e da falta de vontade de promover mudanças. É necessária a convergência de motivações e compromissos de diferentes setores da universidade para intensificar os canais de diálogo na busca de soluções para os problemas da universidade e seus programas, bem como maior apoio aos estudantes. Há um grande anseio para a conquista de um lugar no mercado de trabalho e o estudante universitário tem a esperança de estar trilhando o caminho que vai conduzi-lo a este objetivo. Assim, a universidade deve dispor de programas formativos que os encaminhe para oportunidades promissoras ao oferecer suporte e recursos para que os estudantes tornem-se excelentes profissionais. Quando estes pontos forem revistos, nossa educação superior terá melhorado bastante, pois poderemos contar com uma universidade mais inclusiva, diversa e sustentável.

Andressa Morais
Kedma Silva
Marileide Macias
Pamela Ramos
Elizabete Regina Santos
André Costa
Tereza Santos
Elane Cabral da Luz
Nilson Rocha Neto
Joyce Ferreira
Matheus Mercês