Especialista em saúde mental e emocional de crianças, adolescentes e jovens lança seu novo livro, Agora o meu chão são as nuvens, durante a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco
Em tempos de incertezas e mudanças aceleradas, como educar crianças e adolescentes em meio à violência intrafamiliar, à fragilidade dos vínculos parentais e à influência cada vez maior do mundo digital? Essas são algumas das perguntas que orientam o novo livro do professor e pesquisador Hugo Monteiro Ferreira, Agora o meu chão são as nuvens – As famílias contemporâneas e os desafios na educação de crianças e adolescentes, publicado pela Autêntica Editora e que será lançado oficialmente durante a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.
Com linguagem sensível e assertiva, Hugo mostra a realidade de muitos lares que, em vez de acolher, tornam-se espaços de opressão; que, em vez de proteger, expõem; que, em vez de fortalecer vínculos, fragilizam relações. O autor reúne acontecimentos de repercussão nacional, além de depoimentos e experiências de pesquisa, para revelar que a violência contra crianças e adolescentes está presente, muitas vezes, no próprio espaço que deveria ser o mais seguro.
Um dos conceitos centrais desenvolvidos pelo autor é o de violência intrafamiliar, entendida não apenas como agressões físicas, mas também como negligência, abandono, indiferença e silêncios que marcam e adoecem vidas inteiras. Ao olhar para dentro das casas, Hugo evidencia que a violência pode assumir formas sutis, naturalizadas no cotidiano, mas que deixam cicatrizes profundas.
Outro conceito importante é a fragilidade dos laços parentais, expressão que nomeia a dificuldade de estabelecer relações sólidas de confiança e cuidado entre pais, mães e filhos. Em um mundo de pressões externas, rotinas aceleradas e presença cada vez maior da tecnologia, muitos vínculos familiares se tornam frouxos, incapazes de sustentar crianças e adolescentes em seus processos de formação emocional e social.
A influência digital também ocupa espaço de destaque na obra. O autor aponta os riscos da hiperexposição às telas e das interações mediadas por algoritmos que moldam comportamentos, subjetividades e até modos de sentir. A infância e a juventude estão sendo atravessadas por uma realidade em que o espaço virtual muitas vezes substitui a presença concreta e o diálogo no seio da família, gerando novos dilemas para a educação.
Hugo lembra, por exemplo, o fenômeno cada vez mais comum de crianças e adolescentes que passam horas trancados em seus quartos, conectados a telas, mas distantes das conversas e dos vínculos familiares — tema que ele já havia.
explorado em A geração do quarto, livro de grande repercussão que revelou como a solidão e o isolamento digital estão se multiplicando dentro das casas brasileiras.
Para enfrentar esses dilemas, o autor propõe a superação do “chão rígido” das certezas autoritárias em direção a um “chão de nuvens”, que reconhece a impermanência e a vulnerabilidade como condições inevitáveis da vida familiar. Esse chão de nuvens se sustenta em um princípio fundamental: a educação pelo afeto e pelo diálogo. Em vez de prescrever comportamentos ou impor disciplina pela força, Hugo defende práticas baseadas na escuta, na criatividade, na equidade e no cuidado compartilhado. Trata-se de uma proposta que, mais do que um modelo de educação, é um chamado a transformar a casa em território de acolhimento, onde vínculos se constroem pela confiança e pela presença amorosa.
Lançamento na Bienal de Pernambuco
Hugo Monteiro Ferreira lança Agora o meu chão são as nuvens no dia 9 de outubro, às 17h, no espaço Conexão Petrobras. Ele estará presente na mesa Sobre as nossas famílias, com mediação de Mirtes Renata.
Sobre o autor
Professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Hugo coordena o Núcleo do Cuidado Humano e o Grupo de Estudos de Transdisciplinaridade da Infância e da Juventude (GETIJ/UFRPE). Especialista em saúde mental e emocional de crianças, adolescentes e jovens, tem se dedicado a estudar e intervir sobre os impactos da violência intrafamiliar e das transformações sociais na vida das novas gerações. Além de Agora o meu chão são as nuvens, é autor de outros livros de referência, como A geração do quarto e Antônio – este publicado pela Editora Yellowfante, braço infantil e juvenil do Grupo Autêntica.