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SBPC Jovem promove discussão sobre Inteligência como uma Estratégia de Cidade

Na Arena Ciência e Inovação para a Juventude, que funciona na estrutura da SBPC Jovem, um dos destaques da programação da tarde do primeiro dia de evento (14/07) foi a palestra Inteligência como uma Estratégia de Cidade.

Com participação do secretário de Transformação Digital, Ciência e Tecnologia do Recife, Rafael Cunha, e do deputado federal Pedro Campos, o painel contou com rica discussão sobre como dados, tecnologia e inovação podem ser usados estrategicamente para transformar os serviços públicos e melhorar a qualidade de vida da população, com base em experiências práticas do Recife.

O secretário Rafael Cunha destacou que a Prefeitura do Recife promove projetos e financia bolsas, que, através de entidades como o Porto Digital, qualificam e capacitam jovens em vulnerabilidade socioeconômica, inclusive com a promoção de cursos de graduação de dois anos. Segundo o gestor, os resultados apontam alto nível de emprego e mudança na qualidade de vida dessas pessoas e suas famílias. Entre os programas está também o UniverCidade, uma parceria entre governo, setor produtivo e academia.

No intercâmbio com as universidades, que possuem os seus Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), foi construído um NIT Recife, com as redes de inovação, recebendo o investimento de um milhão de reais da PCR e um milhão de reais do Cetene/MCTI. “Precisamos fortalecer as universidades para que tecnologias, com recursos e capacidades, possam, de fato, ser aplicadas na cidade e com a população. Um país soberano passa por ciência, tecnologia e investimento em CT&I. É importante investir para que não passemos por situações como essa dos recentes ataques econômicos”, ressaltou.

A professora Giovana Machado, criadora do programa Futuras Cientistas, trouxe, para a discussão, o importante recorte do gênero na produção científica brasileira. Segundo a pesquisadora, em áreas como Física, há apenas 1% de mulheres pesquisando no Brasil. “Era preciso aproximar mais meninas e professoras dessas áreas, e criamos justamente para meninas de escolas públicas”, destacou. Já é o terceiro ano do programa em nível nacional, e ele está em todas as unidades federativas do Brasil. “Há mais de 144 projetos que os professores e empreendedores voluntários submetem, e pagamos todo o material para que executem. As meninas de escolas públicas se inscrevem e escolhem os projetos de que querem participar. Hoje temos 470 vagas distribuídas em todo o Brasil. E temos 70% de aprovação dessas meninas nas universidades.”, afirma.

Outro programa destacado, ao longo do painel, foi o Embarque Digital, e a estudante Vitória Silva trouxe sua experiência para a mesa, ressaltando que o programa foi essencial para a sua formação acadêmica e para a possibilidade de migrar de carreira. “Antes era bolsista, curse veterinária na pandemia, mas entrei como pagante. Não podendo mais cursar, minha mãe me incentivou a me inscrever no Embarque Digital, e ele me fez apaixonar por tecnologia. Me trouxe um conhecimento que eu não tinha na época, e me colocou em contato com empresas, além de transformar a vida da minha família”, contou.

Gessé Rodrigues, secretário executivo de Juventude do Recife, explanou sobre as iniciativas do Programa Jovem Recife, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos e Juventude. Em recente edital, foram contemplados 18 coletivos jovens com soluções para problemáticas da cidade, baseados nos ODS da ONU. Em março, foram selecionados projetos para soluções relacionados às mudanças climáticas, com ideias diversas nas mais diversas áreas. Os 18 projetos são das 5 regiões da cidade do Recife, priorizando a diversidade. “Temos projetos que monitoram o mar (maré vermelha), outros de conscientização ambiental, ações práticas que trazem o jovem para o centro do debate. O debate climático feito para as juventudes já se tornou referência para outras cidades”, sublinhou.

O deputado Pedro Campos fez a fala final para a discussão trazendo o aspecto da política e do poder público em contribuição para a ciência. “A gente defende a democracia, e precisa sentar como sociedade e dizer o que a gente deseja, qual o caminho e para onde deve apontar a política. Mas precisamos da ajuda da ciência para entender a realidade e onde estamos. Existe um grande desequilíbrio da ciência no Brasil dentro de questões como a de gênero. A boa ciência precisa da boa política, e vice-versa. Para além da soberania nacional, vamos falar do conceito de soberania, que compreende também a ciência e o conhecimento”, afirmou.