No início do primeiro dia da 77ª Reunião Anual da SBPC, a Tenda SBPC Mulher discutiu o papel da tecnologia como ferramenta de transformação social na mesa-redonda "Tecnologias Inovadoras para Questões de Gênero". Pesquisas e projetos desenvolvidos por mulheres mostraram como a inovação pode endereçar desafios históricos de gênero e equidade.
A professora Andrêza Leite, do Departamento de Computação (DC) da UFRPE, conversou com Ana Cavalcanti, do projeto SARA (Socorro Automático e Rede de Apoio), Simony César, da plataforma NINA, Tatyane Calixto, da Cesar School, Eduarda Ferro, da Universidade de Pernambuco (UPE), Alessandreia Oliveira, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e Sílvia Bim, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e rede ELLAS.
As participantes compartilharam soluções que vão desde aplicativos de segurança a plataformas de capacitação. Mas o debate focou não apenas nessas ferramentas: a importância de ter mulheres liderando o desenvolvimento tecnológico é o que busca garantir que as soluções sejam verdadeiramente inclusivas e eficazes.
Para a mediadora do painel, é preciso mudar a cultura do ambiente científico: “A gente consegue fazer tecnologia e ciência de forma amigável, inclusiva e com afeto. O local da ciência precisa mais disso, desse equilíbrio para que tenhamos um ambiente realmente colaborativo e acolhedor”, disse Andrêza.
Alessandreia, desenvolvedora do jogo educacional "ProgramAda" para apoiar o aprendizado de programação das alunas calouras de Computação da UFJF, o projeto é um dos vários desenvolvidos na universidade "com esse olhar atento para a presença e permanência das mulheres na tecnologia", explicou a professora.
Ana Paula Cavalcanti, do projeto SARA de combate ao feminicídio, destacou a necessidade de ação política para garantir que as soluções sejam eficazes: “É importante que a gente participe dos locais de tomada de decisão sobre projetos de pesquisa e políticas públicas, ou essa realidade não vai ser mudada.”
Simony destacou o poder da colaboração: “A plataforma Nina já é parte desse trabalho de outras mulheres que vieram antes na ciência e tecnologia. O trabalho anterior de uma ajuda a abrir caminhos para outra. Trabalhamos também para as gerações futuras, para ampliar ainda mais mulheres na área.”
A inspiração coletiva foi observada por Silvia (UTFPR), da rede ELLAS: “Mais importante do que a oportunidade de falar meu relato foi também poder ouvir e conhecer a experiência de outras histórias de mulheres tão inspiradoras”.
A pesquisadora Eduarda Ferro, da UPE, sintetizou o valor prático da roda de conversa: a troca de conhecimento como motor para o fortalecimento mútuo: "foi uma mesa muito enriquecedora”, mostrando porque a criação de um espaço como a Tenda SBPC Mulher representa um marco.
